terça-feira, 26 de outubro de 2010

Um domingo sem energia e mais de 50 vidas aceitam Jesus


No sábado dia 16 tivemos a reunião da diretoria nacional. No domingo dia 17 já não tínhamos energia elétrica, fomos para igreja para o culto que acontece pela manhã, pois na igreja realmente não há energia elétrica. Passamos um dia de bênçãos incontáveis. Voltamos para casa e continuamos sem energia. Achávamos que o problema estava no bairro. Ledo engano, já era tarde procuramos socorro e um vizinho que conhece um pouco do assunto foi nos ajudar. Depois de fazer de tudo, nada encontrou de errado e pra nossa tristeza o problema seria resolvido somente na segunda feira pois, o defeito estava, segundo o eletricista no poste em frente nossa residência.

No outro dia bem cedo 7:30 estava eu na central de Energia Elétrica de Gondola. Um segurança (guarda) com uma arma pesada, quando estava saindo perguntou-me onde era minha igreja, pois ao pedir-lhe informação antes de ser atendido falei que éramos missionários. Fui até o carro pegar um “O Mensageiro”, mas na correria daquela manhã tinha esquecido o embrulho em cima da mesa. Expliquei pra ele que passaria mais tarde e lhe entregaria o endereço da igreja e o livrinho. Ele, porém me disse: Pr. vou lhe dar meu endereço, pois, quero uma visita em minha casa. À tardinha quando voltávamos para Chimoio, o Sr. João estava lá nos esperando com o mapinha para chegarmos a sua casa. Como prometi, mesmo sem descer do carro, o chamamos para lhe dar “O Mensageiro” e pegar o mapa. Começou a ajuntar tanta gente em volta do carro, que num minuto acabaram-se os mensageiros. Todos que passavam naquela hora naquela rua, queriam um livrinho e vejam bem, anotaram o endereço da igreja para irem.

Tivemos a energia restaurada pela manhã com a presença da companhia e na quarta feira como o irmão João (segurança) tinha marcado, fomos para lá as 14 hs. Irmãos, assim que deixamos o asfalto, uma pessoa estava nos esperando no começo do caminho, ele foi mandado pelo Sr. João para nos guiar até sua casa. Quando chegamos lá, depois de passarmos dificilmente com o carro por caminhos cheios de buracos perigosos, estreitos, intransitáveis para o carro, exigindo do carro e de muita perícia, chegamos lá. Irmãos, estacionei o carro debaixo de algumas árvores onde já se viam banquinhos bem pequenos de madeira, esteiras e algumas pedras. Não demorou o senhor João chegou com uma alegria intensa, mais alguns outros homens, e foi chegando gente e crianças de todo lado. Aquilo que pensamos ser uma visita se tornou um culto de mais de uma hora e meia. O irmão João já conhecia o evangelho ele quis convidar seus vizinhos para ouvir a palavra, isto foi confirmado por um outro irmão vizinho dele que também é da Igr. Assembléia de Deus. Deste testemunho muito lindo falo outra hora. O Pr. iniciou o culto meio sem jeito pois não estávamos preparados para um culto daquele e sim uma visita. Mas como pastor, não teve dificuldade para improvisar. Cantamos, os missionários falaram, eu preguei para mais de 50 pessoas e a maioria delas aceitaram a Jesus. Temos sempre uma grande maioria de crianças que não arreda o pé enquanto não termina o culto.

Quando Paulo diz que: Todas as coisas cooperam para o bem... é preciso entendermos que nos planos de Deus é mesmo assim. No domingo quando chegamos da igreja, sem energia elétrica, sem água, sem banho, com velas, sem computador para atualizar o dia. Oh... infelizmente lamentamos muito, mas assim foi necessário para conhecermos o irmão João, família e muitas outras pessoas naquela tarde tórrida de quarta feira, quando mais de 50 vidas conheceram a Jesus.

IGREJA CHEIA LOUVA AO SENHOR DEBAIXO DE 43º

Sexta feira dia 22 de outubro. Por conta de um pneu que foi perdendo borracha até aparecer o arame na viagem de Chimoio a Tete 400 km, chegamos bem atrasados para o culto.

Quando nos aproximamos da tosca capela de palha e barro, já ouvíamos os cânticos que eram entoados com grande alegria... os missionários chegaram hoje... obrigado senhor... este era o refrão cantado por mais de meia hora.

Paramos o carro apressados para sair, pois o calor era de mais 43º na sombra. A língua estava seca e pregando no céu da boca, os lábios ressecados, pedíamos o mais rápido possível água para beber. Trouxeram sim, mas como beber aquela água totalmente salobre. Tomamos uns golinhos com dificuldade, pois mesmo com tanta sede, aquela água não descia.

Adentramos a capela no meio daquele monte de crianças, adolescentes, jovens e adultos.

Colocamos a Bandeira de Moçambique e do Brasil na frente de um púlpito tosco, mas bem arrumadinho.

Louvor, apresentações, boas vindas que eram dados por um jovem diácono, com muito ânimo.

Na metade do culto pedimos mais água, não para beber, pois especialmente o Jefferson não estava agüentando o calor, estava esmorecido. A Tânia, Jeremy e eu estávamos bem soando em bicas por todo lado. Chegou a água, fui molhando uma toalha de rosto que sempre levo comigo e dei para passar primeiramente no Jeremy que não estava nem aí (incrível), depois para Jefferson e Tânia e também para mim. Daí, fiquei abanando ar quente, é lógico. Acreditem daí cinco minutos as toalhas estavam secas de novo e assim foi até terminar o culto. Muitos moçambicanos adultos também soavam em bicas. Mas pra eles, nada demais.

Como tivéssemos muitas crianças pedi para o Jefferson ou a Tânia contar uma história ali mesmo. Mas o Jefferson não tinha condições. Então eu disse pra Tânia, eu conto a história e já fica como mensagem, assim, nós podemos sair daqui de dentro deste forno mais depressa.

E assim foi, contei uma história bíblica com figuras. Resultado, a maioria de mais de setenta pessoas levantaram a mão, aceitando Jesus como seu Salvador.

De repente o jovem animadíssimo retomou o culto com uns dois amem bem fortes que foi respondido por toda igreja. Agora vamos para os testemunhos e apresentação especial dos jovens. Nesta altura eu queria minha mãe, já não estava mais agüentando o calor, assim também o Jefferson, Tânia e Jeremy que constantemente molhavam a toalha e outro pano para amenizar.

Sim, lá vêm os jovens em fila indiana adentrando a igreja (capela) e cantando animadamente.

E cantaram, dançaram, fizeram uma peça musical, e batendo os pés no chão ao ritmo forte da música levantaram poeira. Estava muito bonito, lindo, mas agora... calor, procurando um filete de arzinho pelo menos, poeira? Amados, tínhamos que agüentar firmes, a apresentação bem preparada foi para nos receber. Ali agüentamos por mais um tempo.

Bem, agora vai terminar o culto. O mesmo jovem que dirigia o culto foi à frente e disse -... Bem irmãos, agora vamos ouvir a palavra que o Senhor tem para nos dar, através do pastori Paulo.

Eu olhei pra Tânia e ela pra mim, como perguntando, mas eu já contei a história no lugar da mensagem. Nesta altura o Jefferson já tinha saído da capela. Eu disse para Tânia... Não podemos desapontá-los, alias com todo aquele calor, ninguém arredava o pé e muito menos as crianças.

Tomei a palavra e preguei mais uns dez minutos – A última oportunidade – incrível como eles prestaram atenção na história de Noé e a Arca. Finalmente conclui com a pergunta: Vocês vão entrar na arca, ou vão ficar de fora. Notei que ficaram sérios diante da pergunta de reflexão. Depois disto o pr. Santos Cebola, presidente da diretoria nacional e pr. da igreja de Mufa, distribuíram os poucos livros do “O Mensageiro”. É lógico que muita gente ficou sem receber, pois num minuto tudo tinha acabado. Precisamos enviar pelo menos esta literatura e bíblias para estas igrejas irmãos. Custe o que custar, por favor vamos entregar a palavra pra quem tem sede dela!

Agora sim chega o final do culto. O pr. Santos Cebola nos leva para casa dele e nos oferece uma gostosa comida. Macarrão, feijão, e frango cozido e água. Daí pensamos: Estamos com uma sede danada, a língua pregando os lábios e ressecados, será que é a mesma água? Graças a Deus aquela estava melhor e pudemos tomar um pouco mais. Amados, macarrão, feijão, não é comida deles, mas quiseram nos agradar fazendo uma comida brasileira. Nesta altura não tínhamos mais forças pra nada, calor agora aproxima dos 44º na sombra e fome. Jefferson já estava encostado na madeira que segura a pequena cobertura. O pr. Santos disse: - É ele está bem arriado. Mas ele recobrou as forças quando começou a alimentar-se. O mesmo aconteceu conosco que mesmo assim tínhamos forças para filmar e fotografar os cenários de paisagem seca, queimada pelo sol causticante por um ano praticamente sem chuva. Logo nos despedimos pois queríamos fugir daquele “inferno”. Nossa mente já com pensamento lento, sonhava com o chuveiro e ar condicionado da pensão onde estamos hospedados. Mas antes eu teria que dirigir uns sessenta km e boa parte por caminhos de terra. Chegamos bem, cobertos de poeira da cabeça aos pés e rapidamente cada um foi para seus aposentos em busca do tão sonhado banho.

Esta foi mais uma aventura em terras moçambicanas. Eu cheguei bem, e estou bem. É algo extraordinário de Deus. Minha pressão, normal o que é pra agradecer a Deus pela sua misericórdia em renovar nossas forças. Estamos todos queimados do sol, mas eu estou me desconhecendo. Estou parecendo mais um beduíno com a pela toda crestada pelo sol que todo dia insiste em queimar.

Louvado seja Deus, porque amanhã estaremos visitando o CFMM e a última igreja de todo o projeto em Moçambique, cumprindo assim a dura tarefa de conhecê-las todas com suas múltiplas necessidades. Tenham todo um bom dia. As fotos esclarecem estas imagens.

Gondola, 20 de outubro de 2010 – Paulo Campos.

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